Meio Ambiente: desafios do Bixiga na década da restauração
Ambientalistas indicam como o bairro pode colaborar com o novo chamado da ONU
A Organização das Nações Unidas (ONU), em evento virtual com participação de importantes líderes globais, declarou no último sábado, 5, Dia Mundial do Meio Ambiente, que o período de 2021 a 2030 será a Década da Restauração de Ecossistemas. Com o lema “Recrie, reimagine, restaure!”, estudiosos alertam que agora não é mais possível somente preservar, é preciso que restauremos o que já foi danificado pela ação do homem. E para falar de como o Bixiga pode colaborar com esse novo desafio, a bióloga Patrícia Nikitin e a ambientalista Paula Lima fizeram uma caminhada pelas ruas do bairro apontando problemas e mostrando soluções.
O lixo nas ruas segue como um dos principais problemas do Bixiga. Inúmeras vias do bairro sofrem com o descarte irregular de resíduos, que polui, atrai animais que podem transmitir doenças, provoca enchentes e afeta a cultura, a gastronomia e o turismo, colocando em risco não só a saúde, mas também a fonte de renda de muitas pessoas. Além disso, jogar lixo nas ruas é crime ambiental, passível de multa de mais de R$ 16 mil, mas moradores reclamam que não há nenhuma fiscalização.
No dia 18 de janeiro de 2021 o Portal do Bixiga publicou matéria apontando diversos pontos viciados de descarte irregular e o quanto isso afeta a vida das pessoas. A matéria pode ser vista aqui.
Paula Lima, fisioterapeuta e ambientalista do Bixiga, fala do problema crônico da esquina das ruas Dr. Luis Barreto e São Vicente. Apesar da equipe de limpeza urbana ter feito o recolhimento de lixo na sexta-feira, dia 4, no sábado, 5, a esquina já estava completamente poluída novamente. O Ecoponto Bela Vista, localizado na Rua 14 de Julho esquina com Rua Major Diogo, fica a 700 metros deste local. Moradores costumam presenciar carretos e pessoas em carros fazendo o descarte irregular. “Não tem condições mínimas de continuar deste jeito. É possível resolver respeitando os horários de descarte de lixo e com Ecoponto”, diz Paula.
Caminhando para a Bacia do Rio Saracura, elas também apontaram outro ponto de descarte irregular na Rua Rocha. “Efetuar o descarte correto é obrigação da prefeitura e nossa”, diz Paula. Ela também fala que os materiais descartados no Ecoponto podem ser reaproveitados, sendo que jogados nas ruas eles acabam se deteriorando, fazendo com que utilizemos mais recursos para produzir novos produtos.
O Novo Lixo
“Pandemia traz novos desafios, mas máscaras não poderiam virar o Novo Lixo”, diz a bióloga Patrícia Nikitin, ao encontrar uma máscara de proteção no chão da rua. O material das máscaras, além de levar anos para se decompor, ainda pode estar contaminado. “A responsabilidade está nas nossas mãos. A gente precisa da máscara, ela é necessária para conter a pandemia, mas a gente não precisa disso no chão das ruas”, conclui.
Na nascente do Rio Saracura pequeno, a bióloga diz que a área precisa ser preservada e que a canalização dos rios é responsável pelas ilhas de calor. Patrícia também explica que estamos prestes a enfrentar uma crise hídrica e que isso é graças ao desmatamento da Amazônia. No vídeo abaixo, ela explica o processo de evapotranspiração. “E a gente também sofre no bolso, porque aumenta a conta de luz”, alerta a bióloga. “A gente precisa entender que fazemos parte de um ciclo de vida”. Plantar árvores, cuidar das árvores já existentes nas ruas, evitando que descartem lixo nas suas raízes, descartar lixo e resíduos de forma correta, não destruir o verde, economizar energia, água, são algumas das coisas que todos podem fazer, explica a bióloga.
Assista na íntegra a caminhada de reflexão sobre os desafios do Bixiga na década da Restauração: