Arena Bela Vista: Um GOL do Bixiga!
Projeto social espera vencer essa Copa com torcida e apoio da comunidade
Vista sua camisa que o jogo vai começar! O baixio do viaduto Júlio de Mesquita Filho se transformou em Arena Bela Vista e agora todos os dias uma seleção de craques entra em campo. Este projeto social, criado pelos amigos Antônio Carlos e Gilson em 2016, tem como tática ensinar futebol para as crianças da comunidade, mas com uma visão muito maior, que é trabalhar com esporte e cultura para vencer o jogo da vida e construir uma comunidade melhor.
O projeto atende hoje em torno de 150 crianças, meninos e meninas entre 5 a 15 anos, de forma totalmente gratuita. A bola da vez é o futebol, mas novas parcerias estão sendo criadas e em breve outras atividades serão oferecidas. No projeto Arena Bela Vista as crianças aprendem muito mais do que jogar bola. Elas aprendem a conviver de forma coletiva, a ter disciplina, respeito, seguir regras, superar a timidez e controlar a ansiedade, se tornam mais saudáveis e desenvolvem-se física e emocionalmente. São os benefícios do esporte como agente transformador e de um time de pessoas da comunidade afim de virar o jogo.
Para participar é só chegar! As atividades acontecem de segunda a sexta, a partir das 18 horas. A inscrição é totalmente livre e gratuita.
O chute inicial
A ideia do projeto foi de Gilson, ex-jogador profissional, que pensou em ocupar o espaço do baixio do viaduto com as crianças após uma ação da prefeitura que retirou várias pessoas que estavam morando local. Para esta empreitada ele chamou o amigo Antônio Carlos para entrar nessa jogada.
Antônio diz que 70% das crianças melhoraram o comportamento depois que passaram a frequentar a Arena Bela Vista. “Era muito palavrão, intriga, briga, brincadeira de tapa, mas eles viram que aqui tem regras e, principalmente, que ali eles são uma família”, diz Antônio Carlos que já fez até uma parceria com as escolas Celso Leite e Saraiva. Os diretores e professores da escola e da Arena frequentemente conversam sobre os alunos. Assim, quando alguma criança apresenta problemas, ela vai para o banco de reservas. Após uma conversa, ela vai ao treino apenas para assistir e não joga até melhorar a nota ou o seu comportamento. “Eles precisam entender que precisam melhorar”, diz ele. É um cartão amarelo, mas acompanhando de assistência. Se o problema for as notas, eles encontram alguém que ofereça reforço escolar, e para quaisquer outros problemas sempre se busca uma solução.
Antônio Carlos e Gilson são os fundadores desse projeto. Professor Uilson ensina técnicas e as práticas esportivas. Raphael e Erik ajudam nos ensinamentos de futebol, de vida e educação dos nossos futuros campeões. “A Bela Vista não tinha nada quando eu era pequeno, nenhum espaço. Se eu quisesse praticar um esporte eu tinha que ir até o Ibirapuera e minha mãe já ficava de cabelo em pé, porque era longe. Agora é muito gratificante participar de um projeto desse”, diz Raphael, que é nascido e sempre morou no Bixiga. “Esses dias as mães estavam correndo em volta da Arena, praticando esporte enquanto esperavam os filhos. A transformação está chegando também nos pais”, completa ele.
“Aqui na Bela Vista o Lucas nunca teve espaço para brincar, jogar bola, tinha que brincar na rua da minha casa, rua estreita que passa carro toda hora”, lembra Janaína. “Ele se desenvolveu muito depois que passou a ter contato com outras crianças. Acorda cedo, é dedicado, embora seja muito puxado, mas isso tudo é bom porque dá conhecimento para ele. Se ele quer algo vai ter que lutar.”, comemora ela, orgulhosa do marido e do filho.
Arena Bela Vista na final!
Os meninos do projeto social Arena Bela Vista estão na final do Circuito Paulista de Society 2018, promovido pela SPS Eventos Esportivos, em 3 categorias: Sub8, Sub10 e Sub12. Esse é o resultado de um trabalho vitorioso. Antônio diz que os times da Arena chegaram à final sem nenhum cartão amarelo e que eles sempre recebem os parabéns pela educação das crianças. “Não falam palavrão, não batem e não discutem. Se sofrem uma falta entendem que é lance normal e seguem o jogo”, diz Antônio, que espera ganhar título com pelo menos uma das categorias.
Devido aos resultados positivos e tantas adesões de novas crianças, a Arena Bela Vista precisa crescer e melhorar sua infraestrutura. São apenas 7 bolas para todos e os professores precisam fazer mágica durante os treinos.
“Peço que a comunidade venha conhecer o projeto, tirar um pouco do preconceito do viaduto, que tem morador de rua, que já foi milhares de coisas. Hoje o viaduto é um projeto social para crianças muito importante para a formação da cidadania, que é o mais importante. A gente não quer fazer jogador de futebol, vão ser poucos que vão conseguir, mas queremos fazer cidadãos de bem e a comunidade precisa conhecer o projeto antes de ter preconceito ou criticar. Venha aqui, veja o que a gente faz!”
Fotos: Maio Itapuã