Celebração histórica da Mãe Negra mobiliza o Bixiga no próximo dia 20 de maio
No próximo domingo, dia 20 de maio, será realizada a 30ª festa em homenagem à figura histórica da mãe negra e às mulheres escravas, uma cerimônia da Pastoral Afro Achiropita como forma de resistência ao racismo e à intolerância religiosa. As festividades acontecem na Paróquia Nossa Senhora Achiropita, a partir das 9h00, e são abertas à comunidade.
O evento começa com a celebração católica afro-litúrgica na Igreja e depois as panelas tão acostumadas a fazer molho de macarrão vão servir a famosa Feijoad’Achiropita. E tem mais: Shows ao vivo com grupos de samba e danças folclóricas, além de feira com exposição de arte e artesanato do povo negro. A madonna italiana recebe a mãe negra em uma festa que representa bem as origens do Bixiga.
A Festa Mãe Negra é o segundo maior evento da Paróquia, atrás apenas da Festa de Nossa Senhora Achiropita, e já está incluída no Calendário Turístico do Estado pela Lei no. 13.407, de 15 de Janeiro de 2009, da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.
Sobre a Pastoral
A Pastoral Afro Achiropita foi fundada em 1988, ano em que se comemorou o centenário da Abolição da Escravatura, por Antônio Aparecido da Silva, o padre Toninho. Ela nasceu com o objetivo de resgatar as raízes do povo afro-brasileiro, valorizar sua cultura e firmar sua dignidade através de celebrações religiosas, atividades socioculturais e educacionais.
Padre Toninho foi o primeiro pároco negro da Achiropita, que até o ano de 1988 só havia recebido padres italianos como administradores da igreja. Ao assumir a função, Padre Toninho realizou o seu o sonho e também o de Dom Orione, que na década de 20 já havia solicitado a criação de uma congregação que aproximasse negros e índios da igreja.
Bixiga – território afro italiano
A Pastoral Afro da Achiropita tem como missão também valorizar a contribuição do negro para a formação do bairro e a influência da raça negra para riqueza cultural do Bixiga. Antes da chegada dos italianos, os negros já ocupavam os campos da então chácara do Bixiga. Os escravos, fugidos dos leilões realizados no centro da cidade, chegavam neste território pelo rio Saracura. Quilombos urbanos foram formados e a região hoje é chão da Escola de Samba Vai-Vai e da cultura negra no bairro.