Artista do Bixiga, Arieh Wagner, revitaliza a Escadaria que leva ao Saracura
O Bixiga ganhou um novo e lindo presente das mãos do artista Arieh Wagner, que revitalizou a Escadaria da Rua Conselheiro Carrão com um belíssimo trabalho de mosaico picassiette, técnica conhecida por transformar pratos e louças picados em arte. A obra, concluída no último dia do mês de agosto, torna-se emblemática porque esta Escadaria termina na região onde antigamente corria o Rio Saracura, hoje canalizado.
Arieh conta que comprou azulejos antigos para iniciar o trabalho, mas muitas das peças utilizadas no mosaico foram doadas pela própria comunidade. Conforme as pessoas lhe levavam objetos e louças, ele foi utilizando em sua arte. O artista também utilizou peças que ia encontrando pelo bairro, como um prato achado na rua, ainda sujo de comida, que foi lavado, quebrado e teve seus cacos eternizados na Escadaria.
“Teve uma moradora que me viu fazendo detalhes com garrafa, então ela me trouxe outras garrafas antigas que tinha guardadas em casa”, diz Arieh. A princípio a ideia era trabalhar apenas com peças adquiridas no cemitério de azulejos, mas ao utilizar o que as pessoas levavam, objetos de suas histórias, a Escadaria acabou sendo montada através de pedaços da memória da comunidade do Bixiga.
Arieh relembra que a arte do mosaico consiste na montagem de pequenos fragmentos de materiais como pedras, azulejos, pastilhas e vidro que se conversam e viram uma coisa só. “Se até as pedras conversam entre si, porque a humanidade não pode conversar entre si?” reflete o artista.
Essa obra então, além de revitalizar e dar novas cores ao caminho que leva ao Saracura, ainda faz com que as histórias das pessoas do Bixiga se conversem. Um mosaico de memórias é registrado nessa Escadaria.
E o Bixiga agradece!
O Rio Saracura
Vale do saracura em foto tirada entre 1910 e 1920 – Fonte: Agência USP de Notícias
Saracura é um rio canalizado que tem suas nascentes localizadas nas ruas Almirante Marquês de Leão e Dr. Seng. De lá desce por galerias subterrâneas pelas ruas Rocha e Cardeal Leme até a Praça 14 Bis, quando então parte pela Avenida Nove de Julho até desaguar no Rio Anhangabaú, cujo destino é o Tamanduateí e depois o Tietê.
Seu nome foi dado em homenagem a uma ave chamada Saracura, pássaro de pernas finas que existia em abundância na região no começo do século passado. A Saracura, além de dar nome ao rio, virou um dos personagens símbolos da Escola de Samba Vai-Vai.
A antiga Chácara do Bixiga começou a transformar-se em bairro em 1878, quando o dono das terras, Antônio José Leite Braga, doou parte de seu terreno para a construção de um hospital, em evento formalizado por D. Pedro II no dia 01 de outubro. O hospital acabou não sendo construído, mas logo depois lotes dos campos começaram a ser vendidos principalmente para imigrantes.
Antes mesmo da chegada dos italianos, porém, os negros já habitavam essas terras. Eles fugiam dos leilões de escravos que eram realizados no Vale do Anhangabaú e chegavam na região pelo rio Saracura. Quilombos urbanos foram se formando e após a abolição da escravatura os negros recomeçaram suas vidas no Bixiga.
Fontes: riosdesaopaulo.org
Bexiga – Um bairro afro-italiano
Bixiga Revisitado
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